segunda-feira, 23 de maio de 2016

Esportivos do homem pobre

por Junio Oliveira

Certas culturas tem suas manias. Ingleses e americanos, por exemplo, gostam muito de inventar expressões idiomáticas. A poor man's something (Algo de um homem pobre) é uma das várias já feitas por eles. Esta expressão, geralmente é usada em duas formas. Seja para descrever alguma coisa semelhante, porém igual ou até mesmo melhor, e por um preço mais convidativo. E também, para descrever uma pessoa menos bem sucedida ou popular quando comparada a outra.
No mundo automobilístico, há bons casos. Abaixo, alguns exemplos:

Shelby Cobra de pobre

Shelby Cobra e Sunbeam Tiger

Creio que este é um dos melhores exemplos para entender de forma clara a expressão citada acima.
O Sunbeam Tiger está até sob alguns aspectos em semelhança com o Shelby Cobra. Em comum os dois tem as lendas do automobilismo Carroll Shelby e Ken Miles como idealizadores. O primeiro e mais conhecido foi o responsável por pegar um V8 Ford e enfia-lo em um AC Ace e assim fazer nascer o Cobra. O segundo foi um ótimo engenheiro e um dos principais responsáveis pelos sucessos do Ford GT40 em Le Mans. Outra semelhança é o motor V8 de 4 260 cm³. 164 cv para o Tiger e 264 cv para o Cobra.
Apesar do motor "capado", o Tiger possuía uma performance satisfatória. Levando-se em conta  que esse é um carro dos anos de 1 960, o 0 a 100 km/h era feito na casa dos 10 s e a sua velocidade máxima passava pouco acima dos 190 km/h.
A exemplo do Cobra, o Tiger tinha pedigree para participar de corridas, tanto que seu maior rival nos ralis fosse o Austin-Healey 3 000.
Mas as semelhanças terminam quando vemos que o preço do Tiger, apesar de valorizar ano após ano no mercado americano, orbita em 40 mil dólares e o de um legitimo Cobra pode ultrapassar facilmente os  5 milhões de dólares.

Aston Martin de pobre

Aston Martin DB 2/4 e MG MGB GT

Inspirado no Aston Martin DB 2/4, o MG MGB GT (sopa de letras ou trava língua?) foi lançado em 1 965 na versão com teto fixo. Com um confiável motor 1.8 quatro cilindros em linha de 95 cv. Conferindo um desempenho razoável.
Sua carroceria projetada pelo estúdio Pininfarina e a exemplo do Aston veio com um interior 2+2. Algumas publicações especializadas em automóveis clássicos afirmam que o MGB GT deu início a moda dos hatchbacks esportivos.
Atendendo aos inúmeros pedidos, a MG instala o motor  6 cilindros em linha e 3.0 do Austin-Healey  no ano de 1 967, e mudando também o seu nome para MGC.
Em 1 973 viria o ápice em performance com o V8 3.5 que faria o esportivo beliscar os 200 km/h.
A cotação de um GT pode variar de 10 a 20 mil euros. A do Aston? Passa dos 150 mil euros fácil, fácil...

Lotus de pobre

Lotus Esprit e Toyota MR 2 MK II

Motor central, tração traseira e desempenho notável. Essas características são do Lotus Esprit, produzido de 1 976 a 2 004. Porém, em 1 984 a Toyota disponibilizava no mercado uma espécie de Esprit numa escala menor e mais acessivel. Nascia o MR 2,  pequeno Toyota que conquistou uma geração de fãs. O que de certa forma, o ajudou a ficar no mercado por 23 anos com um total de três gerações. Inicialmente, seu motor era um quatro cilindros em linha de 1 587 cm³, que gerava 112 cv. Por se tratar de um veículo leve, seu desempenho não era dos piores. Pelo contrário.  Os 100 km/h eram alcançados na casa dos 9 s e sua velocidade final chegava aos 205 km/h.  Em 1 990 viria uma nova geração. O conceito original era mantido, porém recebia a opção de um motor 2.0 turbo de 242 cv, fazendo-o um verdadeiramente Lotus de pobre. Em 1 999  viria a terceira geração disponível somente com motor quatro cilindros 1.8 de 140 cv e deixando de ser produzida em 2 007.