domingo, 14 de fevereiro de 2016

Muscle Truck

Por Junio Oliveira

Americanos gostam de carros grandes, sobre tudo pick-ups. Tanto que nos anos de 1990 a F 150 era líder de mercado. Europeus não tem essa obsessão por pick-ups, muito menos nós brasileiros. Super consumismo, padrão de vida elevado, despreocupação com desperdício explicaria esse comportamento dos americanos? Acredito que sim. Não vejo como algo negativo, acho legal. Até por que eles gostam de usa-las para lazer e não somente para rebocar trailers enormes ou para serviços pesados. E, muito por causa disso, montadoras americanas viram a oportunidade de fazer uma grana extra, oferecendo versões esportivas de suas caminhonetes ou verdadeiras muscle trucks. Abaixo, alguns modelos.

Dodge L'il Red Express


1978

1979

No fim dos anos de 1970 não foi uma boa época para os Muscle Cars americanos, por causa da crise do petróleo. Como a potencia desses carros era na base das grandes polegadas cúbicas, o consumo de combustível era altíssimo. Além do começo da preocupação com a emissão de gases. Resultado: os motores foram capados, em sua maioria, trocando os carburadores de corpo quádruplo por um único carburador de corpo duplo.
Estranhamente o seguimentos de pick-ups não sofreu intervenção dos fabricantes, em especial da Dodge com a L'il Red Express, baseada na série D, produzida de 1978 até 1979. Possuía motor V8 de 5.9 litros que rendia 225 cv. Este motor equipava viaturas policiais através do Monaco.
Com essas especificações, a publicação americana Car and Driver resolveu compara-la com Chevrolet Corvette e Pontiac Firebird Trans Am. E a L'il Red Express foi superior no 0 a 160 km/h com 19,9 segundos.
A Dodge somente disponibilizava a cor vermelha para a carroceria. O nome da pick-up era destacado na cor dourada na lateral das portas. O comprador poderia escolher bancos vermelhos ou pretos, inteiriços ou separados. Um dos diferenciais da linha 79 era a grade dianteira com quatro faróis no lugar de dois da versão 78.
Muitos consideram a Shelby Dakota (abaixo) como a primeira pick-up de alto desempenho, mas analisando a L'il Red Express, fica difícil concordar.

Dakota Shelby



Desde os anos de 1960 Carrol Shelby não colocava as mãos em um veículo de tração traseira. Mas isso acabou quando a Dodge o chamou para fazer um up grade na Dakota. Em 1989 chegava ao mercado norte americano a Sheby Dakota. Motor V8 5.2 de 175 cv foi colocado no lugar do V6 original. 0 a 97 km/h (0 a 60 milhas por hora) em 5 segundos.
Usava cambio automático de quatro marchas, até então inédito. A suspensão traseira era das versões comuns, porém os amortecedores foram trocados por modelos pressurizados. Os freios traseiros contavam com ABS. Teve 1500 unidades produzidas durante um ano.

Chevrolet 454 SS

 

 A Chevrolet enxergava algum potencial esportivo na sua pick-up  C1500, visualmente muito parecida com a Siverado vendida no Brasil. Tanto que em 1990, tratou de colocar um gigantesco motor V8 7.4 de 230 cv. Para melhorar a estabilidade e dirigibilidade, foi instalado uma barra estabilizadora na frente e deixou a direção com uma relação mais rápida. Na época algumas publicações americanas elogiaram seu comportamento em estrada e o conforto em alta velocidade.

GMC Syclone



Baseada na GMC Sonoma, a Syclone possuía motor Vortec 4.3 (que equipou a S10 brasileira, numa configuração aspirada) turbo de 280 cv. A Car and Driver americana chegou a compara-la com uma Ferrari 348ts! Surpreendentemente a Syclone enfrentou a 348ts de igual para igual. No 1/4 de milha a pick-up da GMC fez 14,1 segundos contra 14,5 segundos da Ferrari. Um ano antes de sua produção em série, 1991, foi levado ao deserto de sal de Bonneville em Uta, uma Syclone com motor V6 5.0  de 549 cv que chegou aos 338 km/h. Incrível.

Ford F 150 Lightning

F 150 Lightning de 1993

F150 Lightning de 1999

Em 1993 a Ford, junto com a SVT (Special Vehicle Team), pegou seu sucesso de vendas, a F 150 e lhe deu um V8 5.75, com cabeçotes oriundos do mítico GT40.  Rendia 250 cv e uma aceleração de 0 a 97 km/h em 7,6 s. Nascia a F 150 Lightning. Jeckie Stewart, inclusive ajudou no desenvolvimento do chassi deixando-o com centro de gravidade mais baixo e enrijecido. Para melhorar a tração, foi instalado um diferencial de deslizamento limitado. Algumas publicações afirmaram ser uma pick-up boa de dirigir. Sinal do bem acertado conjunto mecânico. A Ford descrevia sua pick-up como "um Mustang GT com caçamba". Foi produzida de 1993 até 1995. Em 1999 a versão Lightning voltou numa nova carroceria, junto com motor de 5.4 com compressor que rendia 360 cv. Infelizmente o modelo foi descontinuado em 2004, não aparecendo nas gerações seguintes da pick-up.

Dodge Ram V10

 Ram V10 de 1994

 SRT10 de 2002

Realmente o Dodge Viper era equipado com motor de caminhão. Tudo começa em  uma época (inicio dos anos de 1990) em que a Lamborghini (pertencia a Chrysler) ajudou a Dodge a refazer o motor (V10 de 8 litros) de ferro fundido para alumínio, que em 1992 equiparia a primeira geração do Viper.
Em 1994 esse motor estaria disponível na Ram. Rendia 300 cv na pick-up, no Viper: 406 cv. Mesmo com potencia menor ela acelerava de 0 a 97 km/h em 7,8 s. Nada mau para uma puick-up peso pesado.
Em 2002 a Ram voltava a ter o motor do Viper, agora com 8.3 litros com 510 cv e 0 a 97 km/h em 5 segundos! Consumo de combustível? Média de 3 km/l. A velocidade máxima era superior a da concorrente F 150 Lightning de segunda geração. 248 km/h contra 235 km/h.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Injeção eletrônica analógica: ponta pé inicial

Por Junio Oliveira
Fonte: Bosch 
Fotos: Bosch e Volkswagen

1989 foi um ano especial para os entusiastas de carros esportivos no Brasil. Era apresentado o Volkswagen Gol GTi. Rápido, estabilidade elogiável e visual interessante. Rapidamente ele conquistou muitos fãs.


Debaixo do capô, havia o conhecido AP-2000, porém sem carburador. Junto com a Bosch, a Volkswagen incorporava ao Gol a injeção eletrônica analógica, ela não guarda na memória registros de avaria. Daí o i de injection no GT.
O modelo que equipava o Gol era da família Jetronic, a injeção LE era desenvolvida a partir da L - do alemão Lufmengenmesser que significa em português Medidor de fluxo de ar.

1 - Bomba de combustível
2 - Filtro de combustível
3 - Regulador de pressão
4 - Válvula de injeção
5 - Medidor de fluxo de ar
6 - Sensor de temperatura
7 - Adicionador de ar
8 - Interruptor da borboleta
9 - Unidade de comando
10 - Relé de comando
11 - Vela de ignição 

Há muitas curiosidades sobre o sistema de injeção de combustível LE-Jetronic. Primeiro, diferente de sua sucessora Motronic, a Jetronic precisa de duas unidades de comando, uma para injeção e outra para a ignição. É tudo separado.
Seu principio de funcionamento é classificado como intermitente ou simultâneo.  A unidade de comando aciona, ao mesmo tempo, todas as válvulas injetoras (bico injetor) de combustível. Entretanto, somente um cilindro irá admitir o combustível pulverizado. Os demais estarão em espera devido as válvulas de admissão estarem fechadas.
A grosso modo, na fase fria do motor, a injeção enriquece a mistura aplicando duas "injetadas" a cada giro, 360º, da árvore de manivelas. Uma "injetada" a cada 180º. Quando o motor atinge a temperatura ideal de funcionamento, passa para uma "injetada".
Depois de equipar o Gol,  tão logo passou a equipar também o Santana. Depois: Chevrolet Kadett GSi e Monza 500EF, Ford Escort XR-3 e Versailles Ghia, Fiat Uno 1.6 R.
Evidentemente, com mais de 27 anos, não é tarefa das mais fáceis achar peças de reposição para este sistema. Porém, atualmente, há fabricantes nacionais de módulos de injeção eletrônica. O que facilita muito a vida do entusiasta.