quinta-feira, 21 de abril de 2016

Carburador de difusor e jato variáveis

por Junio Oliveira

Carburador SU no motor de um Jaguar XK-150S

Em semelhança ao carburador de difusor e jato fixos, o carburador de difusor e jato variáveis possui alimentação de combustível a nível constante, válvula borboleta e difusor (ou cone de Venturi).
Diferente do primeiro, o carburador de difusor e jato variáveis tem a capacidade de estreitar ou não o difusor, mantendo uma depressão (vácuo) quase constante na área de pulverização.
O estreitamento do difusor é regulado por um êmbolo (pistão). A posição do êmbolo varia de acordo com o grau de abertura da válvula borboleta de aceleração. Quando a borboleta está quase fechada, marcha lenta, diminui o fluxo de ar. O peso e a mola do êmbolo, fazem-no descer, ficando apenas um espaço reduzido para a passagem de ar.
Ao pressionar o acelerador, a borboleta abre-se, intensificando a passagem de ar através do difusor e aumenta a depressão acima do êmbolo, fazendo-o subir. Expandindo, ainda mais, o fluxo de ar para dentro do motor.
O consumo de gasolina é ajustado por uma agulha ligada ao êmbolo e que penetra no pulverizador de combustível. Com o embolo e a agulha subindo, permiti-se maior passagem de combustível. A posição do pulverizador e a forma da agulha asseguram a proporção correta de gasolina e ar.
O enriquecimento da mistura, havendo aceleração, é assegurado por um amortecedor que diminui a velocidade de subida do êmbolo ao abrir da borboleta, resultando em um aumento de depressão no pulverizador de combustível e um enriquecimento, temporário, na mistura ar/combustível.
Como a pressão do ar no difusor variável permanece praticamente constante a qualquer regime de rotação do motor, não há necessidade de um circuito independente (com parafuso de regulagem) para atender o regime de marcha lenta, como acontece com o carburador de difusor e jato fixos.
Empresas que fabricaram este tipo de carburador foram a SU e a Stromberg. Jaguar e Mazda são exemplos de empresas que já usaram o carburador de difusor e jato variáveis. No Brasil, a Dodge usou-o no Polara.


Funcionamento de um carburador SU modelo H: 1) Quando a borboleta está quase fechada, a sucção é pequena. O êmbolo desce até seu ponto mais baixo, deixando apenas um reduzido espaço para o fluxo de ar. 2) Quando a borboleta se encontra totalmente aberta, a sucção originada pelo motor faz subir o êmbolo, o que permite o aumento do fluxo de ar para o motor. 3) Quando se aciona o afogador, o pulverizador desce, permitindo assim o aumento da saída da gasolina e o consequente enriquecimento da mistura.

Carburador de difusor e jato fixos, por exemplo: Weber 45 DCOE

sábado, 9 de abril de 2016

Trabalhos por fora

por Junio Oliveira


Bom mesmo, é quando as coisas vão de vento em popa. Porém, ao começar a faltar dinheiro no caixa, a situação se complica e pode ficar tensa.  Lógico, isso pode acontecer com qualquer empresa, seja por má administração, cenário econômico ou político. E, muitos enxergam esses momentos turbulentos a oportunidade de inovar.
Tanto na crise quanto na bonança, pode surgir a oportunidade da empresa vender bem os seus produtos ou, até mesmo, sua mão de obra.
A Porsche, além de vender carros magníficos, possui em seu histórico a prestação de serviços para outras montadoras. Observando com mais atenção todos os carros e protótipos feitos por ela, vemos um know-how impressionante. Envolvendo produtos tecnológicos e duráveis. Aliás, seu fundador Ferdinand Porsche, aos 23 anos, fez o veículo elétrico P1 (Porsche Nº1) para a Lohner-Werke no ano de 1898.
Abaixo, alguns exemplos dos trabalhos feitos por fora da marca alemã:

Mercedes-Benz 500E

Mercedes-Benz 500E

O W124 (Classe E, 1985/1996) era um sedan de luxo da Mercedes. Em 1994 a Porsche colocaria suas mãos no W124. Pelo que pesquisei, o carro era levado na estrutura para a Porsche, em Rössle Bau, Zuffenhausen. Lá eles colocariam um motor V8 5.0, acoplado a um câmbio automático de 4 velocidades. Depois voltava para M-B, e ocorria a pintura. E, depois, voltava a sede da Porsche para a montagem artesanal final. Este processo duraria 18 dias. Outra coisa interessante foi o fato de terem usado a linha de montagem do mítico 959, parada desde 1989. O motor M119 rendia 322 cv. 0 a 100 km/h feito em menos de seis segundos, 1/4 de milha em 14,1 s e velocidade máxima 260 km/h. Sua produção foi nos anos de 1990  até 1994. Em 1995, a M-B aceitava apenas pedidos especiais. Ao todo, foram vendidos 10.479 unidades.

Audi RS2

Audi RS2

1994 foi um ano importante para a Audi. Além de disponibilizar o super luxuoso sedan A8 (confeccionado de alumínio), a montadora lançou a super perua RS2 (1994/1995). A Audi tinha visto o trabalho de performance da Porsche no sedan W124 da Mercedes. Nisso, a Audi solicita os serviços da Porsche para fazer o mesmo na S2, que já possuía um desempenho notável. Nascia a RS2 (o RS vem do alemão Renn Sport ou "corredor esportivo") que usava o mesmo motor cinco cilindros em linha 2.2 da S2, porém com muitas modificações. Turbo KKK, intercooler maior, árvores do comando de válvulas modificados, injetores de combustível com maior vazão fazia o motor render. 315 cv. A suspensão ficou 4 cm mais baixa. Freios e rodas vieram do Porsche 911. Quanto a tração, colocou-se um sistema parecido com do Audi Quattro. Isso, e muitas outras coisas, colaboraram por gerar um desempenho incrível: 0 a 100 km/h abaixo dos 5 s e máxima de 262 km/h. Junto com o A8, a RS2 foi responsável por consagrar a Audi como uma montadora de carros práticos, de qualidade e, acima de tudo, de alto desempenho.

Trabalhos mais populares. Porém, não menos técnicos

A Porsche não atuou só em carros esportivos e luxuosos para outras montadoras. Fez também trabalhos para empresas que atuam em segmentos populares. Para o grupo VAZ (Fábrica de Automóveis do Volga, Volshskij Automobilnyj Zavod), dono da Lada, a Porsche fez um protótipo bem interessante de resstilização do Riva, conhecido por nós como Laika. Mas a VAZ engavetou o projeto.

 Protótipo de reestilização do Riva que a Porsche executou para a Lada

Entretanto, a parceria não acabou por aí. Para o Riva a Porsche ainda ajudaria na adaptação dos motores para gasolina de baixa octanagem e na moldagem de chapas de alumínio. Outro projeto para a VAZ que teve o dedo da Porsche, foi o Samara. Tendo, inclusive, unidades testadas na sede da montadora alemã.

Lada Samara

Para a SEAT, foram projetados quatro motores, são eles: 1.2 8v, 1.5 8v, 1.5 8v turbo e 1.7 8v, todos a gasolina. Destaque para o 1.5 turbo que tinha injeção eletrônica e 109 cv.

Seat Ibiza SXI 1.5 Turbo

sábado, 2 de abril de 2016

O nascimento de uma gigante

Por Junio Oliveira

Type 18 de 1912

Quando o conceito de automóvel, como conhecemos hoje, surgiu no fim do século XIX, não tardou aparecer entusiastas sugerindo e/ou organizando competições. Seja com provas de longa distância, subidas de montanha ou corridas em circuitos. Fundada em 1910, hoje pertencente a Volkswagen, a Bugatti exerceu grande influência nos primórdios das competições. E tudo partiria com o Type 13 com motor 1.4 de 30 cv, no mesmo ano.
Depois viria Bugatti Type 18, modelo a ser destacado neste post. Também chamado de Garros, foi produzido de 1912 até 1914. Ettore Bugatti já havia projetado o Deutz Gasmotoren-Fabrik para a Deutzer Automobile.

Modelo projetado por Ettore para a Deutzer Automobile

Apesar de serem modelos diferentes na proposta, de alguma forma este trabalho foi útil a Ettore. Não se sabe ao certo a quantidade exata de Type 18 fabricados. Algumas fontes alegam 6, outras 7.

Modelo leiloado por € 2.427.500

O motor... que motor. 5027 cc, quatro cilindors em linha, 3 válvulas por cilindro e uma única árvore de cames. A relação diâmetro/curso era de 100 mm por 160 mm. A rotação máxima era de 2400 rpm. Sua velocidade final girava em torno dos 169 km/h. Algo muito notável para a época. Em 1913 Roland Garros, aviador francês e  amigo próximo de Ettore Bugatti  adiquiriu um Type 18. Daí o acréscimo no nome. Outro apelido era Black Bess devido ao chassi 474, de carroceria diferente dos outros Type 18, ter pertenciado ao piloto Ivy Cummings em 1913. Este exemplar foi leiloado em 2009 por € 2.427.500.
O Type 18 deu tão certo que mais tarde viriam modelos como o Type 39, Type 35/35C e Type 35B. Todos obtendo grandes êxitos em corridas.

Atualizado 22/04/2016 às 09:52