sábado, 9 de abril de 2016

Trabalhos por fora

por Junio Oliveira


Bom mesmo, é quando as coisas vão de vento em popa. Porém, ao começar a faltar dinheiro no caixa, a situação se complica e pode ficar tensa.  Lógico, isso pode acontecer com qualquer empresa, seja por má administração, cenário econômico ou político. E, muitos enxergam esses momentos turbulentos a oportunidade de inovar.
Tanto na crise quanto na bonança, pode surgir a oportunidade da empresa vender bem os seus produtos ou, até mesmo, sua mão de obra.
A Porsche, além de vender carros magníficos, possui em seu histórico a prestação de serviços para outras montadoras. Observando com mais atenção todos os carros e protótipos feitos por ela, vemos um know-how impressionante. Envolvendo produtos tecnológicos e duráveis. Aliás, seu fundador Ferdinand Porsche, aos 23 anos, fez o veículo elétrico P1 (Porsche Nº1) para a Lohner-Werke no ano de 1898.
Abaixo, alguns exemplos dos trabalhos feitos por fora da marca alemã:

Mercedes-Benz 500E

Mercedes-Benz 500E

O W124 (Classe E, 1985/1996) era um sedan de luxo da Mercedes. Em 1994 a Porsche colocaria suas mãos no W124. Pelo que pesquisei, o carro era levado na estrutura para a Porsche, em Rössle Bau, Zuffenhausen. Lá eles colocariam um motor V8 5.0, acoplado a um câmbio automático de 4 velocidades. Depois voltava para M-B, e ocorria a pintura. E, depois, voltava a sede da Porsche para a montagem artesanal final. Este processo duraria 18 dias. Outra coisa interessante foi o fato de terem usado a linha de montagem do mítico 959, parada desde 1989. O motor M119 rendia 322 cv. 0 a 100 km/h feito em menos de seis segundos, 1/4 de milha em 14,1 s e velocidade máxima 260 km/h. Sua produção foi nos anos de 1990  até 1994. Em 1995, a M-B aceitava apenas pedidos especiais. Ao todo, foram vendidos 10.479 unidades.

Audi RS2

Audi RS2

1994 foi um ano importante para a Audi. Além de disponibilizar o super luxuoso sedan A8 (confeccionado de alumínio), a montadora lançou a super perua RS2 (1994/1995). A Audi tinha visto o trabalho de performance da Porsche no sedan W124 da Mercedes. Nisso, a Audi solicita os serviços da Porsche para fazer o mesmo na S2, que já possuía um desempenho notável. Nascia a RS2 (o RS vem do alemão Renn Sport ou "corredor esportivo") que usava o mesmo motor cinco cilindros em linha 2.2 da S2, porém com muitas modificações. Turbo KKK, intercooler maior, árvores do comando de válvulas modificados, injetores de combustível com maior vazão fazia o motor render. 315 cv. A suspensão ficou 4 cm mais baixa. Freios e rodas vieram do Porsche 911. Quanto a tração, colocou-se um sistema parecido com do Audi Quattro. Isso, e muitas outras coisas, colaboraram por gerar um desempenho incrível: 0 a 100 km/h abaixo dos 5 s e máxima de 262 km/h. Junto com o A8, a RS2 foi responsável por consagrar a Audi como uma montadora de carros práticos, de qualidade e, acima de tudo, de alto desempenho.

Trabalhos mais populares. Porém, não menos técnicos

A Porsche não atuou só em carros esportivos e luxuosos para outras montadoras. Fez também trabalhos para empresas que atuam em segmentos populares. Para o grupo VAZ (Fábrica de Automóveis do Volga, Volshskij Automobilnyj Zavod), dono da Lada, a Porsche fez um protótipo bem interessante de resstilização do Riva, conhecido por nós como Laika. Mas a VAZ engavetou o projeto.

 Protótipo de reestilização do Riva que a Porsche executou para a Lada

Entretanto, a parceria não acabou por aí. Para o Riva a Porsche ainda ajudaria na adaptação dos motores para gasolina de baixa octanagem e na moldagem de chapas de alumínio. Outro projeto para a VAZ que teve o dedo da Porsche, foi o Samara. Tendo, inclusive, unidades testadas na sede da montadora alemã.

Lada Samara

Para a SEAT, foram projetados quatro motores, são eles: 1.2 8v, 1.5 8v, 1.5 8v turbo e 1.7 8v, todos a gasolina. Destaque para o 1.5 turbo que tinha injeção eletrônica e 109 cv.

Seat Ibiza SXI 1.5 Turbo

Nenhum comentário:

Postar um comentário